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Cientistas da Fiocruz estão na lista dos que mais influenciam decisões no mundo

Um levantamento publicado na quinta-feira (6/11) pela Agência Bori revelou os 107 cientistas brasileiros que mais influenciam no mundo. Eles estão entre os mais citados em documentos que embasam tomadas de decisão. Os dados são de um relatório inédito fruto de parceria entre a Agência Bori e a Overton, maior plataforma internacional dedicada a mapear a interface entre ciência e políticas públicas. Seis dos 107 pesquisadores são da Fiocruz.

Segundo os organizadores do relatório, o documento mostra que a ciência brasileira exerce influência concreta sobre políticas públicas, mas de maneira desigual entre áreas e perfis de pesquisadores (Arte: reprodução da internet)

A pesquisa identificou cientistas brasileiros mencionados em documentos estratégicos, relatórios técnicos e pareceres usados por governos, organismos internacionais e organizações da sociedade civil — cada um com pelo menos 150 citações. Assim, foram mapeados os 107 cientistas. O levantamento mostra que a produção deles embasou mais de 33,5 mil documentos de políticas públicas desde 2019.

Os cientistas da Fiocruz listados na relação são os infectologistas Beatriz Grinsztejn (381 documentos e 116 artigos), Valdiléa Veloso (227 documentos e 51 artigos) e Júlio Croda (211 documentos e 39 artigos), o virologista Felipe Naveca (205 documentos e 20 artigos), o epidemiologista Albert Ko (167 documentos e 41 artigos) e o médico Marcus Lacerda (218 documentos e 57 artigos). Há baixa presença de mulheres entre os cientistas do Brasil que mais influenciam políticas públicas: dos 107 mapeados, apenas 22 são mulheres, o que corresponde a 22,5% do total.

A maior parte dos pesquisadores tem trabalhos mencionados em documentos de tomadas de decisão sobre ecossistemas e uso da terra: entre os nomes listados, 37 (35%) se destacam por concentrar esforços em temas que fazem do Brasil uma peça-chave no debate ambiental global. Esses trabalhos tratam de desmatamento, conservação, restauração e do papel dos ecossistemas na regulação do clima e na oferta de serviços essenciais à sociedade. Os cientistas foram divididos em nove macrocategorias: Ecossistemas e Uso da Terra, Clima e Atmosfera, Doenças Infecciosas e Vacinas, Doenças não Transmissíveis e Serviços, Alimentação e Nutrição, Economia e Finanças, Políticas Públicas e Governança, Energia e Transição e Educação.

Segundo os organizadores do relatório, o documento mostra que a ciência brasileira exerce influência concreta sobre políticas públicas, mas de maneira desigual entre áreas e perfis de pesquisadores. As nove macrocategorias revelam onde a interface ciência-política está mais consolidada e onde ainda há lacunas relevantes. A baixa participação feminina e a concentração em determinados campos reforçam a necessidade de ampliar a diversidade e democratizar o acesso à formulação de políticas.

Para Ana Paula Morales, cofundadora e diretora da Bori, a incidência do conhecimento científico em tomadas de decisão passa pela comunicação do que é feito na academia. “Quando a evidência é comunicada de forma clara e acessível, molda o entendimento público e capacita a sociedade a exigir decisões embasadas no conhecimento”, disse. “Tornar a ciência visível não é apenas uma questão de reconhecimento — é expandir seu alcance e sua capacidade de transformar o cotidiano”.

Os cinco cientistas brasileiros mais influentes em tomadas de decisão são da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e da USP. Pela ordem, César Victora (Ufpel), Carlos Monteiro (USP), Aluísio Barros (Ufpel), Paulo Saldiva (USP) e Pedro Hallal (Ufpel). Todos atuam em saúde ou na intersecção entre saúde e ambiente e somam mais de 5,5 mil citações em documentos ligados a decisões públicas.

*com informações da Agência Bori

Publicado em 07/11/2025 14:59 Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)*

Encontro debate eliminação do mercúrio e fortalecimento da saúde ambiental

O evento Futuro sem Mercúrio: Parcerias Globais para a Saúde Ambiental, realizado esta semana no Rio de Janeiro, reuniu representantes da Pure Earth, da Fiocruz e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), além de gestores públicos, pesquisadores e organizações internacionais. A atividade ocorreu no contexto do Fórum de Líderes Locais, que antecede a COP30, com início na próxima semana em Belém. O encontro promoveu um diálogo sobre os desafios e oportunidades para a eliminação do mercúrio, destacando os impactos da poluição química na saúde humana e nos ecossistemas, contribuindo para os avanços na implementação da Convenção de Minamata, que completa oito anos. As discussões enfatizaram a importância da cooperação entre ciência, políticas públicas e comunidades para reduzir a exposição a contaminantes e proteger populações vulnerabilizadas.

O debate sobre o mercúrio reafirma o papel do Brasil na busca de soluções para a tripla crise planetária e evidencia a importância de alianças entre ciência, Estado e sociedade (Foto: VPAAPS/Fiocruz)

A assessora de Saúde e Ambiente da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz), Juliana Rulli Villardi, destacou que o enfrentamento à contaminação por mercúrio é uma agenda da saúde global e da justiça ambiental, que ultrapassa o campo técnico e ambiental e se inscreve como questão de direitos humanos e soberania sanitária. “O mercúrio atravessa fronteiras e atinge corpos, ecossistemas e culturas. Seus efeitos recaem principalmente sobre povos indígenas, ribeirinhos, trabalhadores da mineração e populações do campo, das florestas e das águas”, afirmou. Segundo ela, enfrentar o problema requer cooperação institucional, inovação e investimento contínuo.

Juliana ressaltou o papel estratégico da Fiocruz na integração entre ciência, políticas públicas e ação territorial em defesa da vida. Mencionou o Grupo de Trabalho Mercúrio e Saúde como ação institucional estratégica, que articula pesquisadores de diferentes unidades da Fiocruz, na construção de uma agenda de pesquisa cooperada voltada à proteção das populações expostas. Destacou ainda o Centro de Síntese em Saúde para Mudança do Clima, Biodiversidade e Poluição e a criação do Centro de Clima e Saúde em Rondônia como espaços de oportunidade para a articulação e fortalecimento dessa agenda, reforçando a presença e o compromisso da Fiocruz na Amazônia.

O chefe de Gabinete da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima do Rio de Janeiro, Filipe Lopes, ressaltou a importância de incorporar o tema à agenda da cidade e aproximá-lo do cotidiano da população. “As pessoas compreendem melhor o impacto de uma enchente do que o de um contaminante invisível como o mercúrio. É fundamental traduzir esse problema em políticas públicas locais”, afirmou.

O cientista de dados Gabriel Vieira, do Centro de Inteligência Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, destacou que a integração entre vigilância e dados ambientais é essencial para prevenir agravos e orientar políticas baseadas em evidências. O Centro, pioneiro na América Latina, analisa informações sobre poluição do ar e eventos de calor e pretende incluir o monitoramento de metais pesados em suas análises epidemiológicas.

A experiência internacional foi apresentada pelo diretor de programa da Pure Earth no Peru, Rodrigo Velarde, que relatou iniciativas de vigilância sanitária e atenção a pessoas intoxicadas por mercúrio, além de projetos com mulheres mineradoras formais que adotaram tecnologias livres do metal. Segundo ele, as experiências mostram que é possível reduzir a exposição e manter a produção de forma segura, com apoio técnico e presença do Estado.

Em nome do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Adalberto Maluf Filho destacou que o Brasil vive um momento decisivo no avanço das políticas relacionadas à Convenção de Minamata. Entre os desafios, citou a necessidade de implementação de protocolos clínicos para populações contaminadas, rastreabilidade da cadeia do ouro, destinação segura do mercúrio apreendido e ampliação do inventário nacional de emissões. O secretário enfatizou também a importância da atuação conjunta entre o MMA, o Ministério da Saúde e a Funai na proteção de povos indígenas e comunidades amazônicas.

As falas convergiram em torno da urgência de fortalecer políticas integradas de saúde e ambiente, capazes de transformar evidências científicas em ações públicas. O Plano de Ação Nacional sobre o Mercúrio, em fase de elaboração pelo governo brasileiro, foi apontado como um marco importante nesse processo e será apresentado na Sexta Conferência das Partes da Convenção de Minamata (COP6), de 3 a 7 de novembro, em Genebra (Suíça).

A discussão também dialoga com a agenda climática que ganha força com a realização da COP30, na próxima semana, em Belém. Ao conectar os temas de clima, poluição e biodiversidade, o debate sobre o mercúrio reafirma o papel do Brasil na busca de soluções para a tripla crise planetária e evidencia a importância de alianças entre ciência, Estado e sociedade.

Publicado em 07/11/2025 14:23 Silvia Batalha (VPAAPS)

Ministro da Saúde reforça papel estratégico da Fiocruz em visita à África do Sul e à Indonésia

Durante missão oficial à África do Sul e à Indonésia nesta semana, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou o papel da Fiocruz como Secretaria Executiva Permanente da Coalizão Saúde do G20, reforçando o compromisso do Brasil com a produção de vacinas, medicamentos e tecnologias em saúde. Padilha participou de uma série de agendas, como reunião de ministros do bloco, com foco na ampliação de parcerias.

O ministro Alexandre Padilha no encontro com ministros da África do Sul e Indonésia (Foto: Divulgação/MS)

“O Brasil preside a Coalizão Saúde do G20, lançada pelo presidente Lula e a ex-ministra Nísia Trindade, em 2024. Agora, na África do Sul, apresentaremos a estrutura e as primeiras parcerias de desenvolvimento e produção, tendo a Fundação como Secretaria Executiva Permanente”, destacou o ministro em suas redes sociais. Padilha lembrou que a Coalizão já nasceu com importantes eixos de cooperação, como a produção de uma nova vacina contra a tuberculose e a Bright Initiative, que pretende “replicar o modelo do Japão e da Coreia do Sul para inovação e produção de medicamentos e vacinas”.

O ministro também anunciou a integração da União Africana e do CDC África à Coalizão, ampliando a representatividade e a capacidade de articulação entre países de diferentes continentes. A Fiocruz, que tem histórico de cooperação técnica com o CDC África, reforça, assim, seu papel de articuladora global no fortalecimento dos sistemas de saúde pública. Formalizada como Coalizão Global para Produção e Inovação Local e Regional durante a 78ª Assembleia Mundial da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, a iniciativa busca reduzir as desigualdades globais no acesso a produtos de saúde e fortalecer a capacidade produtiva de países do Sul global.

O Brasil exercerá a presidência da Coalizão pelos próximos dois anos, conduzindo a agenda sob os princípios de “solidariedade, igualdade e sustentabilidade”. A Fiocruz é a responsável por coordenar o plano de trabalho internacional, voltado à ampliação da produção regional e ao enfrentamento de doenças negligenciadas — uma ação que consolida o país como liderança na diplomacia da saúde e na promoção do acesso equitativo em escala global.

Publicado em 07/11/2025 14:03 Ana Paula Blower (Agência Fiocruz de Notícias)

Número de usuários de planos de saúde aumenta em setembro

Dados foram divulgados pela Agência Nacional de Saúde

O número de usuários de planos de saúde alcançou, em setembro, 53.232.560 pessoas na área de assistência médica e 34.910.516 em planos exclusivamente odontológicos.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (6) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e mostram aumento de 0,63% e de 1,04%, respectivamente, em relação ao mês anterior.

Os planos de assistência médica tiveram 1.347.958 novas adesões ou vínculos, e o cancelamento de 1.015.121 vínculos. A agência chama a atenção que não se trata de indivíduos, já que uma mesma pessoa pode ser beneficiária em mais de um plano.

Segundo a ANS, os novos vínculos ou adesões são referentes a vários tipos de entrada, como novos beneficiários, transferência de carteira, mudança voluntária de plano, entre outros. Os  cancelamentos também podem se referir a todo tipo de saída, seja encerramento do contrato de plano coletivo de uma empresa, retirada de beneficiários do setor ou óbito, por exemplo.

No acumulado de 12 meses, foram registrados 15.537.653 adesões e 14.111.652 cancelamentos.

Nos plan​os médico-hospitalares, setembro contou com mais 332.837 beneficiários em relação ao mês anterior.

Se o comparativo for em relação a igual mês de 2024, constata-se aumento de 1.426.001 beneficiários no setor. Nos planos exclusivamente odontológicos, 946.755 beneficiários incrementaram o setor em setembro deste ano, quando comparamos com o mesmo mês em 2024. Em relação a agosto, a saúde suplementar adquiriu mais 357.669 beneficiários.

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Contratações

A ANS contabilizou 668 operadoras ativas nos planos de assistência médica com beneficiários, somando 21.824 planos ativos de saúde. Em relação aos planos exclusivamente odontológicos, o número de operadoras ativas com beneficiários atingiu 315, mostrando 5.321 planos ativos.

Por tipo de contratação, o número de contratos coletivos superou o de contratos individuais ou familiares tanto nos planos de assistência médica, como odontológicos, atingindo 44.637.145 nos planos médico-hospitalares, destacando os contratos coletivos empresariais (38.787.334); e 29.146.554 nos planos exclusivamente odontológicos, com 25.971.291 contratos coletivos empresariais.

Na comparação com setembro do ano passado, o setor registrou evolução de beneficiários em planos de assistência médica em todos os estados brasileiros. Os maiores números de beneficiários são encontrados em São Paulo, que subiu de 18.102.385, em setembro de 2024 para 18.694.732, em setembro de 2025; Minas Gerais (de 5.790.510 para 5.902.946|) e Rio de Janeiro (de 5.531.660 para 5.607.424).

Entre os planos odontológicos, 20 estados e o Distrito Federal registraram crescimento no comparativo anual.

Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil Publicado em 06/11/2025 – 15:09 Rio de Janeiro

Fiocruz lança 2ª edição de curso de letramento racial para trabalhadores do SUS

O racismo permeia práticas, instituições e estrutura a sociedade brasileira, influenciando ainda o modo como se produz, se ensina e se faz saúde. Romper com antigas convenções sociais exige mais do que reconhecer o problema: exige ação. Nesse sentido, a Fiocruz lança a segunda edição do curso online e gratuito Letramento racial para trabalhadores do SUS. A primeira edição contou com quase 23 mil participantes. Junto ao lançamento da edição 2025 do curso ocorreu a aula aberta Racismo e antirracismo no SUS, nesta terça-feira (4/11), e o lançamento do livro Letramento racial para trabalhadores do SUS.

A formação propõe um mergulho crítico nas relações entre racismo e saúde, convidando profissionais e estudantes a repensarem suas práticas e a incorporarem uma postura antirracista no cotidiano do cuidado, da gestão e da formação em saúde. Ser antirracista é um compromisso ético e político, além de ser também um passo necessário para garantir o direito universal à saúde. Nesta segunda edição, o curso amplia e fortalece o debate sobre racismo institucional, equidade racial e práticas transformadoras no SUS, com conteúdos interativos, recursos abertos e acessíveis. Este curso foi o primeiro produto publicado no âmbito do edital Inova Educação – Recursos Educacionais Abertos, promovido pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz). O curso é organizado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e o Campus Virtual Fiocruz.

Curso como introdutor e catalisador do debate

O curso é especialmente voltado a profissionais do SUS e estudantes, mas aberto a todas as pessoas interessadas no tema. Segundo a pesquisadora da Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) Regimarina Soares Reis, que é coordenadora da formação, a iniciativa é pioneira com essa abordagem em nível nacional. Ela aponta que, em um debate historicamente invisibilizado, certamente, este curso também está abrindo caminhos e estimulando a realização de outras iniciativas locais.

“A primeira oferta constituiu uma etapa estratégica para fortalecer a capacidade de trabalhadores em fazer frente ao racismo estrutural que está entranhado nas instituições de saúde”, comenta Regimarina, destacando ainda que o expressivo número de participantes da primeira edição, provenientes de todas as regiões do país, aponta o tamanho da dimensão da percepção da necessidade de transformação de práticas racistas naturalizadas. A ideia, diz ela, “é que o letramento racial seja um meio, tal como uma ferramenta pedagógica, que apoie a produção de conhecimentos e práticas de saúde orientadas pela equidade sociorracial no SUS. Entender como o racismo é produzido na estrutura da nossa sociedade, os mecanismos a partir dos quais ele opera, e as possibilidades antirracistas permitirá a construção de um posicionamento crítico frente às tensões raciais”.

O jornalista da Fiocruz Leonardo Azevedo, que tem destacada atuação na luta antirracista na instituição — e será homenageado no encontro Trajetórias Negras Fiocruz 2025, em 11 de novembro —, participou da primeira edição do curso e ressalta que, apesar de ser especialmente voltado para os trabalhadores do SUS, a formação “é uma oportunidade para que todas as pessoas possam observar e desconstruir práticas racistas no dia a dia, nas interações pessoais e no trabalho, construindo uma sociedade antirracista e comprometida com equidade racial”. Ele comenta também sobre a riqueza dos materiais, além da facilidade de realizar o curso de forma flexível e autônoma.

Leonardo defende que o letramento racial possibilita entender que o racismo é uma questão estrutural e atual e que todos, não apenas os negros, devem estar comprometidos com a luta antirracista. “É preciso enfrentar o racismo, adotar práticas antirracistas e promover a equidade racial em artes, textos, vídeos, imagens e todas as ferramentas e canais que nós, profissionais de comunicação, atuamos e temos responsabilidade. É fazer uma análise crítica das narrativas, promover a diversidade nas redações, assim como a formação e o diálogo contínuo. É adotar um vocabulário racial, para que a linguagem não perpetue o racismo em nossos materiais. É dar visibilidade a pessoas negras em áreas e assuntos distintos, não apenas em assuntos relacionados ao racismo”, argumenta.

O livro Letramento racial para trabalhadores do SUS foi escrito por Marcos Araújo (UFBA), Daniel Campos (UFRJ), Letícia Batista (EPSJV/Fiocruz) e Regimarina Reis (EPSJV/Fiocruz), com prefácio de Emiliano David (Uerj) e Ingrid D’avilla (EPSJV/Fiocruz). A aula teve a mediação de Sandra Vaz (UFF)

Publicado em 04/11/2025 11:48 Isabela Schincariol (VPEIC)

Dois lotes da vacina Excell 10 pode ter matado quase 200 animais: Mapa apreendeu lotes suspeitos da vacina produzida pela Dechra Brasil

Reações adversas possivelmente relacionadas ao uso da vacina Excell 10, contra clostridiose, podem ter resultado na morte de quase 200 animais, o que levou o ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a retirar de circulação os lotes 016/2024 e 018/2024 da vacina produzida pelo laboratório Dechra Brasil Produtos Veterinários.

Segundo o Mapa, até o momento foram registrado óbitos de 194 ovinos, 4 caprinos e 1 bovino.

A notificação informando sobre a situação foi dada pela Agência de Defesa Agropecuária do estado do Piauí no dia 12 de agosto. O Mapa então analisou o caso e, em 13 de agosto, iniciou a fiscalização, após solicitar à empresa relatórios sobre a vacina.

Na sequência, foi feita uma fiscalização, dia 14 em Londrina, do laboratório fabricante do produto; e, no dia seguinte, foi emitida ordem de apreensão cautelar das frações dos lotes (016/2024 e 018/2024) da vacina EXCELL 10 na distribuidora que comercializou as unidades da vacina.

Foi solicitado também que o fabricante apresentasse o painel de distribuição da vacina em todo país. O laboratório Dechra Brasil, então, comunicou, no dia 15, distribuidores e lojistas para interromperem a venda dos lotes suspeitos.

A apreensão dos lotes na distribuidora localizada em Teresina (PI) foi iniciada no dia 18. Amostras foram coletadas para análise fiscal em laboratório da rede oficial.

Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, o Mapa já está atuando “de forma coordenada e integrada com os órgãos estaduais de defesa sanitária para confirmar a causa dos óbitos dos animais e adotar todas as medidas necessárias para proteção da produção pecuária”.

“Ações de fiscalização e investigação seguem em andamento, por meio de inspeções no estabelecimento fabricante/proprietário, e realização de testes em amostras dos lotes da vacina e dos animais que vieram a óbito. A estimativa inicial de conclusão do processo de investigação é de 60 dias”, informou o ministério.

De acordo com o Mapa, a clostridiose é uma doença fatal causada por toxinas de bactérias do gênero Clostridium spp. Entre os sintomas associados a ela estão inchaço muscular, manqueira, incoordenação motora e, em casos graves, rigidez muscular, tremores, trismo, opistótono (arqueamento do corpo com cabeça para trás) e convulsões.

O ministério ressalta que a vacinação continua sendo considerada uma estratégia eficaz no combate à clostridiose.

Por meio de nota, a Dechra Brasil Produtos Veterinários disse ter ciência de relatos de reações adversas em caprinos, ovinos e bovinos após a aplicação da Exell 10.

“Estamos investigando a situação junto com o Mapa. Como precaução suspendemos as vendas e recolhemos os lotes 016/24 e 018/24”, informou o laboratório, que abriu dois canais para relatos de reações adversas relacionadas à Excell 10: o 0800 400 7997 ou (43) 991351168.

Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil Publicado em 22/08/2025 – 10:41 Brasília